e você?

Sou várias pessoas, palavras e momentos.
Da minha mãe herdei a rinite, o humor negro e a coragem; O gosto pelas palavras, a vontade de corrigir quando as escrevem errado; A mania de aconselhar, palpitar e o desejo de ajudar.
Meu pai me ensinou com suas próprias ações. A gana de querer sempre mais e de alcançar o improvável. Ser orgulhosa e estar sempre certa? Tudo culpa do meu heroi às avessas.
Achei o amor incondicional na risada mais cheia de alegria que já ouvi, ter irmão é ótimo.
Com meu tio, aprendi que o bom humor supera tudo. Com meu vô, consegui nadar e perdoar. Tenho amigas que me ajudaram a crescer, a me construir. Outras me reconstruíram, quando eu almejava mudança. Com um pouco de cada personalidade, vou acrescentando algo na minha.
Em um livro, li que os melhores presentes são os que se eternizam. Ganhei a lua uma vez.
No meu filme preferido, percebi a importância de ver tudo por diversos ângulos... principalmente, as pessoas.

Contraditória perfeição

Acredito em final feliz e em um "quase" príncipe. Entretanto, para um conto de fadas se materializar é necessário um pouco de bom senso.

Vi uma comunidade no orkut que tinha várias exigências para um homem perfeito.
Para eu gostar de alguém preciso que ele me faça sorrir e me abrace muito, que demonstre afeto sem ser exagerado, que cuide de mim sem tirar minha independência. Porém, o que vi nessa comunidade foram qualidades, que convenhamos, exigentes demais até para uma sonhadora como eu. Que homem vai me achar linda, estando desarrumada e suada, ou recém acordada? Como alguém tão racional vai entender minha tpm, se eu mudo de ideia várias vezes nesse período?

Não que eu seja fria, pelo contrário, admiro homens carinhosos e atenciosos. Sou fã dos românticos, apenas não sou hipócrita.

Afinal, qual seria a graça de gastar em roupas, passar horas me arrumando para vê-lo à noite, se ele me achar linda de qualquer jeito? Seria instigante conviver com uma pessoa que concorda com todos meus desvaneios?

Como escreveu Martha Medeiros, "...Todo paraíso, precisa de um pouco de inferno." ; Assim quero alguém, que entre mil defeitos, me deixe nas nuvens.

Como se fosse a primeira vez

É incrível como "segundas chances" podem fazer toda a diferença.

Estudamos juntas durante um tempo e digamos que ela era amiga das minhas amigas. Fui conhecê-la de verdade e ver o quanto temos coisas em comum, somente depois de terminarmos o ensino médio. Assim, sem querer, nos tornamos grandes amigas. E quem antes era apenas um "enfeite" na minha lista de amizades, hoje é para ela que eu conto tudo.

Independente que seja sorte, destino ou amadurecimento; o legal é aproveitar cada chance. De repente, re-aparece alguém especial, que anteriormente passou despercebido.

São essas surpresas que trazem emoção à rotina. Que amenizam um dia de trabalho com risadas; Transformam domingos em terapias; Trazem diversão às noites. Enfim, é isso que intensifica a importância das novas oportunidades e principalmente, da amizade.

Passou?

Que cheiro tem a sua infância? Qual música marcou seu primeiro amor? Qual a frase define aquela amizade?
Sempre passava as férias na chácara de meus avós, às vezes me deparo com um cheiro semelhante ao que tinha lá; e no mesmo instante, aparece os piquiniques, os banhos no riacho, as longas caminhadas até o cemitério de noite.
Tem uma música, que representa muito mais que uma história, traduz um sentimento grande e recíproco. Gera uma sensação de nostalgia e atualidade, como se esse laço se regenerasse sempre que a ouço.
"A melhor das minhas melhores amigas". É como se explicasse que independente da mudança de intensidade, uma amizade verdadeira sempre deixa suas marcas. E o que fica guardado, indifere se há contato frequente ou raro. Afinal, pactos de sangue dão certo!
São lembranças que resistem ao tempo, assim como as pessoas que fizeram parte delas.

Não palpite!

Não sou sincera quando me perguntam opiniões sobre romances e amizades, sempre dou uma enfeitada na resposta, pois nunca sabemos o quanto nossa opinião pode modificar a ideia de outra pessoa. E o pior, nunca temos conhecimento suficiente para palpitar a respeito de algo tão importante: relacionamentos.

Sei que aquele cara é um canalha e que já pisou na bola com várias garotas, aquela amiga não se importa nenhum pouco com a felicidade alheia. Entretanto, como saber se ele não resolveu mudar, se apaixonou, enlouqueceu. Quem sabe, ela realmente não seja a pessoa mais altruísta do mundo, mas se divertem muito quando estão juntas. Agora me diz, vale a pena tentar ajudar dando conselhos?

A verdade que sabemos nunca é 100% verídica, não vivemos o que a pessoa que pergunta está vivenciando, não ouvimos as juras, não compartilhamos as provas. Enfim, cada um sabe, único e excluisivamente, de si; dos outros sabemos algumas histórias, mas não os detalhes.

E são eles, que fazem toda a diferença!

Resistência

Adoro possuir vínculos fortes, relações que sobrevivem ao tempo e à distância.
Tenho alguns amigos, raros, que independente que fiquemos meses sem nos falarmos, a intimidade permanece, a compreensão mútua não necessita de muitas explicações. É exatamente aquela história: longe dos meus olhos, mas perto do coração!
Já têm outras pessoas que a convivência faz com que a conversa surja, entretanto assim que nos afastamos um pouco, tudo que fora construido desaparece. Quando acaba o assunto, fica um silêncio constrangedor. Não flui.
É complicado determinar, à partir disso, se uma amizade é ou não verdadeira. Talvez na época em que convivemos com quem parece resistir às circunstâncias, estávamos abertos à sentimentos mais profundos. Quiçá no segundo caso, só falte encontrar mais coisas em comum.
O legal é que sempre há trocas, ensinamentos. Isso indifere da intensidade da relação. Cada um é importante da sua maneira. E a mesma pessoa pode possuir pesos distintos para vários amigos. Enquanto para um, ele é super engraçado; para outro, ele é essencial para a sua felicidade.

Se..

Se tivesse coragem e fosse um pouco mais previnida, este seria um ótimo bilhete para deixar em cima do travesseiro:

"Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde, mas atento, meio fajuto meio autêntico. Sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência."

Martha Medeiros